terça-feira, 24 de maio de 2016

Uma Ciência mais Rigorosa

“Um animal que seja a menos (experimentado) já vale a pena. Assim tudo o que reduza o número de animais nesta prática é um passo enorme” – Constança Carvalho, Sociedade Portuguesa para a Educação Humanitária (Conferência Experimentação Animal - A dissecação de um mito).

“É lamentável que estejamos ainda no ponto do bem-estar animal e não no ponto das alternativas à experimentação com animais” – Alexandra Pereira, Veterinária Municipal de Sintra (Conferência Experimentação Animal - A dissecação de um mito).

“Há uma enorme dificuldade por parte dos investigadores em utilizar métodos de experimentação alternativos. As instituições e a comunidade científica continuam a exigir dados validados nesta muleta mais que partida” – Luísa Bastos, Investigadora em Engenharia Biomédica (Conferência Experimentação Animal - A dissecação de um mito).

No dia 8 de maio de 2015, no decorrer da II Conferência Internacional de Alternativas à Experimentação Animal (www.icaae.com), foi formulada a Declaração de Lisboa pelo Doutor Philip Low, Doutor Andrew Knight e Doutor João Barroso.

A Declaração de Lisboa foi assinada pelos presentes (diversos cientistas que trabalham ativamente com modelos animais e modelos alternativos) e constituiu um consenso na comunidade científica no que diz respeito à necessidade de uma maior transparência e objetividade na ciência que recorre a modelos animais, salientando ainda a importância de avaliar objetivamente os custos e benefícios desses projetos científicos.

A Declaração recomenda que os animais utilizados em procedimentos científicos sejam filmados permanentemente, sendo as filmagens disponibilizadas sempre que solicitadas para consulta por comités de ética institucionais e independentes, entidades financiadoras e autoridades legais.
Esta medida garantirá o cumprimento dos protocolos aprovados, maximizando o bem-estar animal e o retorno do investimento público neste tipo de investigação.

No sentido de apelar por uma ciência mais rigorosa foi constituída uma petição que solicita (http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT77270):

- Obrigatoriedade da existência de Comités de Ética em todos os laboratórios de investigação e instituições de ensino superior que utilizam modelos animais;

- Obrigatoriedade da existência de filmagens permanentes de todos os animais utilizados em procedimentos científicos, durante e entre as intervenções;

- Obrigatoriedade de disponibilizar as filmagens sempre que solicitadas pelos Comités de Ética, nacionais e independentes, entidades financiadoras e autoridades legais;

- Obrigatoriedade da existência de uma escala objetiva e uniforme que permita a todos os Comités de Ética avaliar o nível expetável de sofrimento dos animais envolvidos;

- Obrigatoriedade de elaboração de um relatório público das experiências realizadas com animais, até um máximo de 3 anos após a execução das mesmas;

- Criação de uma base de dados nacional de especialistas de diversas áreas de saúde humana, de modo a que os comités de ética possam selecionar os especialistas mais relevantes para oferecer um parecer vinculativo acerca da utilidade expetável da experiência proposta.


“Vai-se defendendo que não devemos utilizar chimpazés pela similitude com o ser humano. Mas com os ratos partilhamos 99,2% do nosso ADN, com os sapos 96%...onde se situa a fronteira da familiaridade? Onde termina a senciência?" – Luís Vicente, Professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Conferência Experimentação Animal - A dissecação de um mito).