quarta-feira, 29 de julho de 2015

Uma aventura… no hospital veterinário! Parte 2

No dia da consulta, pensava eu que ia só passear de carro, saltei todo contente para o banco de trás e lá fui eu de beiças ao vento. Chegamos ao local do hospital e eu saí do carro todo contente, mas quando me deparei com a porta de entrada estanquei e colei as 4 patas ao chão. A minha humana teve de me levar ao colo para a sala de espera onde eu procedi de imediato a esconder-me debaixo da cadeira mais próxima. É que não gosto nada de sítios que não conheço, ainda por cima com várias pessoas estranhas a olhar para mim.
 
Esperamos um pouco, pois o médico especialista em ortopedia estava a terminar uma cirurgia, e de repente chamam o meu nome para entrar no gabinete. Novo estancanço e nova ida ao colo, entramos no gabinete do médico.
Fui outra vez apalpado nas minhas perninhas e tronco, tendo o Sr. Dr. concluído que o procedimento seguinte era tirar-me uma radiografia (parece-me que falaram na hipótese de uma TAC, mas com os meus sintomas não se justificava). E, assim, o Sr. Dr. pega em mim, põe-me debaixo do braço e eu, com um gemido de incerteza, lá fui rumo à sala dos tais raios X.
 
Quando voltei ao gabinete para ter com a minha humana, que estava acompanhada pela minha avozinha, vinha a arfar muito, até parecia que tinha corrido a meia maratona, mas não, eram só uns nervositos por estar longe da minha família.
 
Por esta altura já estava mais habituado ao Sr. Dr. que até era um tipo bem simpático e atencioso, e afinal não me queria fazer mal nenhum (até disse que eu me tinha portado muito bem e tinha ficado muito quietinho, conforme me tinha pedido).
 
De seguida, em simultâneo com a visualização das radiografias no PC, explicou todos os pormenores do meu caso clínico, tendo referido que tenho luxação dos joelhos, (estando o esquerdo pior do que o direito) e que, desta forma, terei de ser operado a cada joelho para corrigir a situação, evitando dores quando ando, formação de artroses ou roturas de ligamentos.
 
As minhas humanas ficaram um pouco apreensivas e fizeram muitas perguntas para entenderem bem a situação, como seriam as operações e a recuperação. Parece que vou ter de usar um daqueles “colares da vergonha” depois da operação, não vou poder saltar para lado nenhum, nem subir ou descer escadas, e vou ter de fazer passeios pequeninos (assim, como é que vou ter tempo para encontrar as minhas namoradas caninas?).
 

O Sr. Dr. concluiu a consulta com a indicação que tenho peso a mais (ou seja, estou um bocado para o badocha) e que tenho de fazer dieta. Por isso, nada de biscoitos e vou passar a comer uma comida xpto, boa para as articulações e menos calórica também. Será saborosa? Espero bem que sim.
 
Quando a consulta acabou e saímos para fazer o pagamento na receção, eu só queria era ir lá para fora, cheirar e fazer xixi em todas as árvores das redondezas que, por acaso, estavam cheias de mensagens caninas deixadas por outros pacientes do hospital. E foi o que fiz com muita alegria.
 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Uma aventura… no hospital veterinário! Parte 1

Pois é, e assim começa uma nova fase da minha vida de cão…
 
Ontem fui a uma consulta de checkup na minha Clínica Veterinária, fui examinado da cabeça aos pés e foram-me descobertas algumas mazelas menores, mas quando o Médico Vet me quis levantar as patas traseiras reparou nuns estalidos esquisitos que vinham dos meus joelhinhos… Começou a ver melhor, puxou as minhas patinhas traseiras, fez-lhe rotações de todas as espécies, apalpou-as e concluiu que eu tenho subluxação dos joelhos.
 
Eu já andava com algumas dores de vez em quando, mas nunca tinha dito nada aos meus humanos para não se preocuparem comigo. Mas depois desta sessão clínica fiquei todo dorido e fui para casa a ganir um bocadinho. À noite quando fui dar uma volta pelo bairro também gani às vezes e custa-me a fazer certos movimentos, como subir e descer escadas.
 
Quando os meus humanos me quiseram fazer festas também gani e virei-me para trás para lhes mostrar que me dói bastante aquela zona.
 
Posto isto, a minha humana decidiu que o melhor é eu ir a uma consulta de especialidade de ortopedia no hospital veterinário para ser acompanhado mais de perto e assim evitar ao máximo que a minha condição progrida. Afinal ainda tenho só 6 anos, ainda sou muito novo para já ter problemas nos meus joelhinhos.
 
A consulta é daqui a uma semana, mas já estou um pouco nervoso. Será que me vão fazer radiografias? Ou uma TAC? E depois, terei de fazer fisioterapia naquela piscina cheia d’água? É que não gosto muito de me meter dentro d’água… Estou um pouco preocupado com tudo isto, mas a minha humana diz que é para meu bem, para me sentir bem e sem dores.
 
Depois conto como correu a minha consulta no hospital veterinário. Wish me luck…
 
 
Listen With Your Eyes to Tell if Your Pet is in Pain

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Os humanos não são mais inteligentes que os animais, apenas diferentes!

Os seres humanos sempre se consideraram superiores e a espécie mais inteligente do planeta, principalmente devido à dimensão do cérebro e à capacidade de raciocínio. No entanto, podemos não ser tão inteligentes como pensamos… De facto, os animais podem ter capacidades cognitivas superiores às dos seres humanos.
 
Os humanos têm interpretado incorretamente a inteligência animal, pois há diferentes tipos de inteligência e os animais são inteligentes de formas únicas! Formas que até os seres humanos, supostamente superiores, não conseguem aplicar.
 
Os animais apresentam diferentes tipos de inteligência (incluindo inteligência social e cinestésica) que têm sido desconsiderados devido à fixação humana na linguagem e na tecnologia.
 
Por exemplo, os golfinhos comunicam através de ecolocalização, as hienas têm locais de rede baseados no odor, os coalas (assim como muitos quadrúpedes) também deixam complexas marcações olfativas no seu meio ambiente. Os humanos com a sua limitada capacidade olfativa, nem conseguem atingir a complexidade das mensagens contidas naquelas marcações, que podem ser tão, ou mais, ricas em informação do que o mundo visual.
 

 
Alguns mamíferos, como os gibões, podem produzir um elevado número de sons variados, mais de 20 sons diferentes com significados claramente distintos, que lhes permitem comunicar através da densa vegetação da floresta tropical.
 
Os animais de estimação até conseguem transmitir-nos as suas necessidades e fazer-nos atuar para lhes dar o que eles querem.
 
Assim, de uma forma geral, os animais possuem capacidades diferentes que têm sido mal interpretadas pelos seres humanos. O facto de os animais não nos conseguirem entender e de nós não os conseguirmos entender a eles, não significa que as nossas inteligências se encontrem em níveis diferentes, apenas são de tipos diferentes.

"Apesar de a linguagem ser uma habilidade única do Homo sapiens entre as espécies vivas, não é necessária uma exploração aprofundada no domínio da biologia para encontrar habilidades únicas de uma particular espécie dentro do reino animal. Algumas espécies de morcegos caçam insetos usando uma espécie de sonar Doppler. Algumas aves migratórias viajam milhares de milhas calibrando a sua posição através das constelações em relação à hora do dia e do ano. No espetáculo dos talentos da natureza nós somos apenas uma espécie de primatas com o nosso próprio show, a capacidade de comunicar informação acerca de quem fez o quê a quem, através da enunciação de sons que fazemos quando expiramos" – The Language Instinct (1994).
 
Fontes:

Back to the Future: Mental Time Travel in Animals

The conscious recollection of personal experiences and events in terms of:

- their details (what happened to me?)
- their spatial (where did it happen to me?)
- temporal context (when did it happen to me?) has been termed “episodic memory”.


Humans not only recollect these past experiences, but are also able to elaborate about their perceptions, cognitions and emotions they had at the time.

It was long held that such a ‘mental time travel’ is unique to humans, believing that animals have no awareness of their own past and are ‘stuck in time’, only aware of the immediate present with no idea of their past or possible future.


In the past two decades, behavioral neuroscientists and comparative psychologists have repeatedly questioned this assumption with compelling evidence suggesting that animals might indeed have the capacity to recollect unique personal experiences.



Some authors have moved even further to speculate about the possibility that animals might also be able to think about their own future and could possibly even plan for it.

The presentation addressed the evidence for the existence of ‘mental time travel’ in different animal species including non-human primates, dogs, rodents and birds.



Ekrem Dere, PhD - Conferência SPARCS (Society for the Promotion of Applied Research in Canine Science), 2015.