No
dia da consulta, pensava eu que ia só passear de carro, saltei todo contente
para o banco de trás e lá fui eu de beiças ao vento. Chegamos ao local do
hospital e eu saí do carro todo contente, mas quando me deparei com a porta de
entrada estanquei e colei as 4 patas ao chão. A minha humana teve de me levar
ao colo para a sala de espera onde eu procedi de imediato a esconder-me debaixo
da cadeira mais próxima. É que não gosto nada de sítios que não conheço, ainda
por cima com várias pessoas estranhas a olhar para mim.
Esperamos
um pouco, pois o médico especialista em ortopedia estava a terminar uma
cirurgia, e de repente chamam o meu nome para entrar no gabinete. Novo estancanço
e nova ida ao colo, entramos no gabinete do médico.
Fui
outra vez apalpado nas minhas perninhas e tronco, tendo o Sr. Dr. concluído que
o procedimento seguinte era tirar-me uma radiografia (parece-me que falaram na
hipótese de uma TAC, mas com os meus sintomas não se justificava). E, assim, o
Sr. Dr. pega em mim, põe-me debaixo do braço e eu, com um gemido de incerteza,
lá fui rumo à sala dos tais raios X.
Quando
voltei ao gabinete para ter com a minha humana, que estava acompanhada pela minha
avozinha, vinha a arfar muito, até parecia que tinha corrido a meia maratona,
mas não, eram só uns nervositos por estar longe da minha família.
Por
esta altura já estava mais habituado ao Sr. Dr. que até era um tipo bem
simpático e atencioso, e afinal não me queria fazer mal nenhum (até disse que
eu me tinha portado muito bem e tinha ficado muito quietinho, conforme me tinha
pedido).
De
seguida, em simultâneo com a visualização das radiografias no PC, explicou
todos os pormenores do meu caso clínico, tendo referido que tenho luxação dos
joelhos, (estando o esquerdo pior do que o direito) e que, desta forma, terei de
ser operado a cada joelho para corrigir a situação, evitando dores quando ando,
formação de artroses ou roturas de ligamentos.
As
minhas humanas ficaram um pouco apreensivas e fizeram muitas perguntas para
entenderem bem a situação, como seriam as operações e a recuperação. Parece que
vou ter de usar um daqueles “colares da vergonha” depois da operação, não vou
poder saltar para lado nenhum, nem subir ou descer escadas, e vou ter de fazer
passeios pequeninos (assim, como é que vou ter tempo para encontrar as minhas
namoradas caninas?).
O
Sr. Dr. concluiu a consulta com a indicação que tenho peso a mais (ou seja,
estou um bocado para o badocha) e que tenho de fazer dieta. Por isso, nada de
biscoitos e vou passar a comer uma comida xpto, boa para as articulações e
menos calórica também. Será saborosa? Espero bem que sim.
Quando
a consulta acabou e saímos para fazer o pagamento na receção, eu só queria era
ir lá para fora, cheirar e fazer xixi em todas as árvores das redondezas que,
por acaso, estavam cheias de mensagens caninas deixadas por outros pacientes do
hospital. E foi o que fiz com muita alegria.
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