A pelagem do cão desempenha múltiplas funções, como isolamento térmico, proteção contra choques e raios UV, papel social (cão eriça o pelo em caso de conflito com outros cães).
As alterações da pelagem são sinais de alerta, sendo a pelagem o "espelho" da saúde do animal. Uma pelagem baça ou que cai muito pode refletir um desequilíbrio nutricional, mas também pode indicar problemas digestivos, hepáticos, renais, da tiróide, imunológicos ou parasitários.
As alterações surgem tardiamente devido às características do ciclo de vida do pelo. Desta forma, também os suplementos alimentares que visam melhorar a qualidade da pelagem necessitam de, pelo menos, 4 semanas para fazerem efeito.
Estrutura de um folículo piloso
O pelo tem a sua raiz na pele, numa estrutura denominada folículo piloso. No cão, os folículos pilosos estão agrupados em conjuntos de 3: um folículo central que origina o pelo primário, responsável pela cor, e 2 folículos laterais, cada um acompanhado por 5 a 25 pelos secundários, que origina o subpelo.
Atividade cíclica do folículo piloso
A renovação celular tem início no bulbo piloso. As células primárias multiplicam-se no folículo e diferenciam-se progressivamente no sentido vertical. As células corticais contem pigmentos responsáveis pela pigmentação do pelo. Devido às elevadas necessidades deste ciclo, 30% das necessidades proteicas diárias de um cão adulto serão utilizadas para a renovação da pele e do pelo.
O ciclo de vida do pelo pode dividir-se em 3 fases: de crescimento, intermédia e de repouso.
A duração da fase de crescimento é uma característica genética, variável de acordo com o comprimento do pelo, a raça e o indivíduo. Quanto mais longo for o pelo, mais lenta a renovação.
Durante a fase intermédia, as células matriciais interrompem a sua multiplicação, cessando também a síntese de pigmento e a parte terminal do pelo torna-se mais clara.
Na fase de repouso, o pelo já não está fixo pela queratina no folículo piloso. A queda deste pelo produz-se logo que o folículo entre na fase de crescimento e o novo pelo fizer cair o antigo.
A atividade do folículo é independente dos outros folículos pelo que a renovação da pelagem se faz de forma não organizada. A proporção de pelos em cada uma das fases varia muito de acordo com a estação do ano. Na Primavera (maio a junho) e no Outono (novembro a dezembro), 90% dos pelos estão na fase de crescimento pelo que os novos pelos fazem cair os antigos. Trata-se da época de muda. A muda de Outono dá origem a pelo mais longo e denso, enquanto na Primavera um dado número de folículos atrofia-se após a queda do pelo antigo.
Fatores que podem influenciar o ciclo folicular
Alimentação
Para além da importância de um nível adequado de proteína, existem alguns suplementos específicos quando se pretende excelentes pelagens: óleo de borragem, óleo de peixe, vitamina A, vitamina H, zinco e magnésio.
Fatores ambientais
As variações de temperatura e o fotoperíodo (período de luz solar nas 24 horas) intervêm de forma preponderante através da secreção de melatonina pelo hipotálamo.
Fatores hormonais
As hormonas da tiróide e a hormona responsável pelo crescimento ativam a retoma da atividade dos folículos pilosos. Os corticosteróides e as hormonas sexuais têm um efeito contrário, inibindo a atividade dos folículos. Em presença de uma taxa elevada de prolactina (hormona produzida pelas fêmeas durante o período de lactação) a pelagem permanece do tipo estival (pelos mais rasos).
Situações de stress
As situações de stress podem provocar uma passagem brusca de todos os folículos pilosos para a fase de repouso. A queda de pelo observa-se nos 2 a 3 meses posteriores ao acontecimento desencadeante (doença, anestesia, certos medicamentos), quando os folículos retomam a sua atividade.
A escolha de um alimento adequado, de elevada disgestibilidade, rico em nutrientes de alto valor biológico e adaptados à fase de vida do cão é a forma mais adequada de garantir uma excelente pelagem.
Fonte: Rodrigues, Luís Ferreira (1999), Cães & Companhia, n.º 30, novembro.
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