domingo, 7 de setembro de 2014

Sacos Anais & Doenças Associadas

No outro dia, o cão do vizinho andava a esfregar o ânus pelo chão de uma forma intensa, como se procurasse algum alívio. Este comportamento pode dever-se a inflamação dos sacos anais que pode afetar quer cães, quer gatos, de qualquer idade, raça ou sexo. 

Os sacos anais são duas estruturas situadas de cada lado do ânus, no interior do músculo esfíncter anal, tendo forma esférica e extensível. No interior são formados por pequenas células glandulares que segregam uma substância mal cheirosa (do ponto de vista humano) que se vai acumulando dentro do saco. Há um pequeno ducto que conduz essa substância para uma zona dentro do ânus, sendo geralmente expelida com as fezes.
Essa substância tem como função informar olfativamente outros indivíduos da mesma espécie acerca do sexo, idade, estado de espírito, altura do ciclo sexual.
Em circunstâncias normais, a atividade do músculo esfíncter anal, bem como a passagem das fezes é suficiente para expelir o conteúdo dos sacos anais.

Podem existir vários tipos de problemas associados a estes sacos. A saculite anal é uma infeção bacteriana que pode abranger apenas um ou ambos os sacos. Se houver acumulação de detritos celulares ou inflamação e edema dos ductos, a substância odorífica pode-se acumular em excesso e ficar demasiado espessa para poder sair. Este problema é mais comum em animais com fezes cronicamente moles, problemas gastrointestinais ou alérgicos.
Quando um saco anal fica totalmente cheio, duro e deixa de se esvaziar por completo, o risco de infeção aumenta, o que pode conduzir a um abcesso e formação de fístulas, situação dolorosa e difícil de tratar.

Nem todos os cães exibem sinais de que os sacos anais estão cheios e/ou inflamados, mas os sinais mais comuns incluem lamber excessivamente a zona anal, esfregar o ânus no solo e relutância em se sentar. Alguns cães mantém a cauda baixa e bem encostada ao ânus e podem sentir dor ao abanar e levantar a cauda. Mais raramente, alguns cães apresentam dificuldade em defecar. Pode-se observar que a zona perianal se encontra ruborizada e inchada.

Nestes casos deve-se consultar o médico veterinário, em vez de presumir que o animal precisa de ser desparasitado. A grande maioria das vezes não se trata de parasitas, mas de alguma patologia dos sacos anais.

No caso de rotura do saco anal e formação de fístula, o tratamento consiste na administração de um antibiótico via sistémica e tratamento local com pomada cicatrizante e anti-inflamatória. 
Em caso de problemas crónicos dos sacos anais, pode-se tentar primeiro administrar mais fibra à dieta normal do cão, a fim de aumentar o volume fecal, estimulando a expulsão do conteúdo dos sacos. No entanto, há casos crónicos que exigem a extração cirúrgica do saco anal, em caso de tumores ou obstrução total do ducto de saída.

De salientar que não se deve andar a espremer os sacos anais muitas vezes, pois pode causar irritação e conduzir a problemas futuros. Os sacos espremem-se apenas quando estão muito cheios. 

Fonte: Marques, Sofia (2000), Cães & Companhia, n.º 38, julho.

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