Os cães dissipam calor através da pele, mas não arrefecem por transpiração como os humanos. Eles não transpiram através da pele, sendo o mecanismo mais eficaz de perda de calor a evaporação através da respiração. Também conseguem perder algum calor por transpiração através das almofadas plantares e em pequena percentagem através da pele exposta nas orelhas.
Se a temperatura ambiental subir muito e se houver muita humidade no ar, dificilmente conseguem dissipar o calor corporal pela respiração e a sua temperatura interna pode subir acima do máximo normal (39,5 ºC).
Cães com dificuldades respiratórias apresentam risco mais elevado de sofrer um golpe de calor, e.g. cães obesos, cães braquicéfalos (Boxer, Bulldog, Pug, Boston Terrier, Epagneul Pequinês), cães com insuficiência cardíaca, cachorros com menos de 6 meses, cães idosos.
Sinais
Os primeiros sintomas de hipertermia incluem respiração ofegante, demasiado ruidosa e difícil, ritmo cardíaco acelerado, temperatura corporal alta, boca e focinhos secos, fraqueza, prostração.
A primeira coisa a fazer é retirar o animal da área onde está confinado (90% das vezes, os golpes de calor ocorrem quando o animal está preso numa área relativamente pequena como carro, transportadora, canil ou sala). Se o cão estiver ao Sol, deve ser colocado imediatamente à sombra.
Em poucos minutos podem seguir-se sinais mais graves, como convulsões, coma e morte. A rapidez com que surgem depende da temperatura exterior, mas independentemente da rapidez com que surjam qualquer sinal de golpe de calor deve ser tratado como uma emergência médica.
O que fazer?
Pulverizar o animal com água e levá-lo logo ao médico veterinário - não utilizar água fria, nem gelo, nem mergulhar o animal na água, pois um arrefecimento demasiado rápido do corpo pode aumentar a incidência de complicações (coagulação disseminada do sangue nos vasos sanguíneos, o que pode ser fatal, e constrição dos vasos sanguíneos superficiais, dificultando a dissipação do calor interno).
A caminho do médico veterinário não levar o cão coberto, mesmo que seja com uma toalha molhada e fria, porque não permite a dissipação do calor em excesso. Não colocar o animal numa transportadora, nem confiná-lo. Ligar o ar condicionado ou abrir as janelas todas.
Existem complicações que podem colocar a vida do animal em perigo, como insuficiência renal, edema cerebral e arritmias cardíacas.
Se o animal estiver consciente pode dar-se alguma água para beber e molhar-lhe a boca, mas não se deve permitir que beba quantidades copiosas.
Se estiver com convulsões ou a salivar e inconsciente, proteger o animal de autotraumatismos, não mexer na boca, nem puxar a língua para fora. Cobri-lo com uma toalha molhada e fresca, não gritar, nem falar, escurecer o ambiente e não entrar em pânico. Esperar 5 minutos no máximo, se as convulsões não pararem dirigir-se ao médico veterinário imediatamente, mesmo com o animal em estado convulsivo. Se as convulsões pararem, dirigir-se só nessa altura ao médico veterinário, tomando as medidas citadas.
Prevenção
Ter em casa uma temperatura agradável ou, pelo menos, uma zona bem ventilada e à sombra para o animal.
Ter água limpa e fresca sempre à disposição, em vários locais da casa.
Tal como as crianças, os cães não sabem quando parar na hora da brincadeira. Se notar alguns dos sinais atrás indicados, parar imediatamente a atividade e acalmar o animal.
Nunca confinar o animal num local com pouco espaço, sem acesso a água e mal ventilado.
Não fazer passeios nas horas de maior calor. Não levar o cão para a praia.
Fonte: Baptista, Ana Rita (2011), Cães & Companhia, n.º 171, agosto.
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