Pelo mundo do cão Pinóquio
Um mundo onde para todos é claro como água que os animais não são meras "coisas", mas sim seres vivos que têm as mais variadas emoções e sentimentos. Pelo caminho, o cão Pinóquio vai com alegria e paciência esclarecendo mentes mais cépticas.
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
quinta-feira, 13 de julho de 2017
Todos temos o mesmo cérebro básico
Com
quem estamos aqui? Que tipos de mentes povoam este mundo? São algumas das
questões propostas por Carl Safina em Para
lá das palavras – O que pensam e sentem os animais?
Os
seres humanos consideram-se a bitola do mundo, que todas as coisas devem ser
comparadas connosco. Mas, de facto, todas as faculdades que nos tornam humanos
(e.g. empatia, comunicação, dor, fabrico de ferramentas) existem em diferentes
graus entre outras mentes que partilham o mundo connosco.
Os
animais dotados de coluna vertebral (peixes, anfíbios, répteis, aves e
mamíferos) partilham basicamente o mesmo esqueleto, órgãos, sistemas nervoso e
hormonal, bem como comportamentos.
Há o
hábito de dizer “seres humanos e animais” como se a vida apenas encaixasse em
duas categorias: nós e todos os outros; e continuamos a insistir, com
insegurança, que os “animais” não são como nós, embora sejamos todos animais!
No
que diz respeito à Consciência,
pode-se dizer, de forma simplificada, que é a
coisa que se sente como algo. Se um corte doer, somos conscientes. Essa
parte de nós que sabe que o corte dói, que sente e pensa, é a nossa mente.
Por
sua, vez a Senciência é a capacidade de sentir sensações. A
Senciência dos seres humanos, dos elefantes, dos escaravelhos, das amêijoas,
das alforrecas e das árvores varia numa escala móvel, desde a complexidade em
pessoas até à aparente inexistência nas plantas.
A Cognição refere-se à capacidade de
apreender e adquirir conhecimento e entendimento. O Pensamento é o processo através do qual se considera algo que foi
apreendido. Como tudo o que tem de ver com os seres vivos, o pensamento também
ocorre numa escala móvel de amplo espetro.
A
Senciência, a Cognição e o Pensamento são processos que se sobrepõem nas mentes
conscientes.
Será
que os elefantes, os insetos ou qualquer outro animal poderão ser realmente
conscientes sem o grande e enrugado córtex cerebral onde ocorre o pensamento
humano? Por sinal, sim, até os seres humanos podem.
Roger
perdeu cerca de 95% do seu córtex cerebral após uma infeção, não consegue
recordar a década anterior à infeção, não consegue sentir sabor, nem cheiro, e
tem grande dificuldade em formar novas memórias. No entanto, sabe quem é,
reconhece-se num espelho e em fotografias, e apresenta um comportamento
relativamente normal junto de outras pessoas, sendo capaz de fazer humor e
sentir-se envergonhado. Tudo com um cérebro que não se assemelha a um cérebro
humano.
Essa
trivial noção humana de que só os seres humanos experimentam a consciência é
retrógrada.
Em
2012, os cientistas que estavam a redigir a Declaração
de Cambrigde sobre a Consciência concluíram que todos os mamíferos e aves,
bem como muitas outras criaturas, incluindo os polvos, possuem sistemas
nervosos capazes de consciência (os polvos usam ferramentas e resolvem
problemas com a mesma destreza que a maioria dos símios). A ciência está a
confirmar o óbvio: os outros animais ouvem, veem e cheiram com os seus ouvidos,
olhos e narizes; assustam-se quando encontram motivos para ter medo e sentem-se
felizes quando parecem felizes.
“O que quer que seja a consciência (…)
os cães, os pássaros e um abundante número de outras espécies possuem-na. (…)
Também eles experimentam a vida.”
– Christof Koch.
“O principal motivo para estar aqui
com minudências é aperceber-me de que, comparando com a estranheza das plantas
e as tremendas diferenças entre plantas e animais, uma elefanta a cuidar da sua
cria é algo tão próximo de nós que ela podia muito bem ser minha irmã.” – Carl Safina.
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quinta-feira, 14 de julho de 2016
Uma verdade inconveniente
Philip Low é investigador na
Universidade Stanford e no MIT (Massachusetts Institute of Technology), ele e
mais 25 investigadores entendem que as estruturas cerebrais que produzem a
consciência nos seres humanos também existem nos animais: “As áreas do cérebro que nos distinguem de outros animais não são as
que produzem a consciência”.
De seguida apresentam-se excertos de uma entrevista dada por Philip Low.
De seguida apresentam-se excertos de uma entrevista dada por Philip Low.
Estudos sobre o comportamento animal já afirmam que vários animais
possuem certo grau de consciência. O que a neurociência diz a respeito?
Philip Low: Descobrimos que as
estruturas que nos distinguem de outros animais, como o córtex cerebral, não
são responsáveis pela manifestação da consciência. Se o restante do cérebro é
responsável pela consciência e essas estruturas são semelhantes entre seres
humanos e outros animais, como mamíferos e pássaros, concluímos que esses
animais também possuem consciência.
Quais animais têm consciência?
Philip Low: Sabemos que todos os
mamíferos, todos os pássaros e muitas outras criaturas, como o polvo, possuem
as estruturas nervosas que produzem a consciência. Isso quer dizer que esses
animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar que
animais não têm consciência. Agora, temos um grupo de neurocientistas
respeitados que estudam o fenômeno da consciência, o comportamento dos animais,
a rede neural, a anatomia e a genética do cérebro. Não é mais possível dizer
que não sabíamos.
Que tipo de comportamento animal dá suporte à ideia de que eles têm
consciência?
Philip Low: Quando um cão está
com medo, com dor, ou feliz são ativadas no seu cérebro estruturas semelhantes
às que são ativadas nos humanos quando demonstramos medo, dor e prazer. Um
comportamento muito importante é o autorreconhecimento no espelho. De entre os
animais que conseguem fazer isso, além dos seres humanos, estão os golfinhos,
chimpanzés, bonobos, cães e um pássaro chamado pica-pica.
O que pode mudar com o impacto dessa descoberta?
Philip Low: Os dados são
perturbadores, mas muito importantes. No longo prazo, penso que a sociedade
dependerá menos dos animais. Será melhor para todos. A
probabilidade de um remédio proveniente de testes efetuados em animais ser testado em humanos
(apenas testado, pode ser que nem funcione) é de 6%. É uma péssima probabilidade.
Um primeiro passo é desenvolver abordagens não invasivas. Não acho ser
necessário tirar vidas para estudar a vida. Penso que precisamos apelar para
nossa própria engenhosidade e desenvolver melhores tecnologias para respeitar a
vida dos animais. Temos que colocar a tecnologia numa posição em que serve os
nossos ideais, em vez de competir com eles.
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terça-feira, 12 de julho de 2016
Journal On Animal Feeling
Uma publicação científica pode incentivar a realização de
investigações novas, criar comunidades novas de investigadores e contribuir
para estabelecer novas áreas de conhecimento. Por exemplo, a ciência cognitiva
nasceu em 1978, quando Stevan Harnad implementou a publicação Behavioral and Brain Sciences.
Stevan Harnad lançou agora a Animal Sentience: An Interdisciplinary Journal on Animal Feeling que se dedica ao estudo da senciência animal (o que os animais sentem, como e porquê), em sistema open access e com artigos publicados na internet. Os primeiros artigos foram dedicados à dor nos peixes (sentem dor? como podemos saber?), bem como ao luto nos animais.
"The inaugural issue launches with the all-important question (for fish) of whether fish can feel pain. The members of the nonhuman species under discussion will not be able to join in the conversation, but their spokesmen and advocates, the specialists who know them best, will." - Stevan Harnad
Stevan Harnad lançou agora a Animal Sentience: An Interdisciplinary Journal on Animal Feeling que se dedica ao estudo da senciência animal (o que os animais sentem, como e porquê), em sistema open access e com artigos publicados na internet. Os primeiros artigos foram dedicados à dor nos peixes (sentem dor? como podemos saber?), bem como ao luto nos animais.
"The inaugural issue launches with the all-important question (for fish) of whether fish can feel pain. The members of the nonhuman species under discussion will not be able to join in the conversation, but their spokesmen and advocates, the specialists who know them best, will." - Stevan Harnad
terça-feira, 24 de maio de 2016
Uma Ciência mais Rigorosa
“Um animal que seja a menos
(experimentado) já vale a pena. Assim tudo o que reduza o número de animais nesta
prática é um passo enorme” – Constança Carvalho, Sociedade Portuguesa para a
Educação Humanitária (Conferência Experimentação
Animal - A dissecação de um mito).
“É lamentável que estejamos
ainda no ponto do bem-estar animal e não no ponto das alternativas à
experimentação com animais” – Alexandra Pereira, Veterinária Municipal de
Sintra (Conferência Experimentação Animal - A
dissecação de um mito).
“Há uma enorme dificuldade
por parte dos investigadores em utilizar métodos de experimentação
alternativos. As instituições e a comunidade científica continuam a exigir
dados validados nesta muleta mais que partida” – Luísa Bastos, Investigadora
em Engenharia Biomédica (Conferência Experimentação
Animal - A dissecação de um mito).
No dia 8 de maio de 2015, no
decorrer da II Conferência Internacional de Alternativas à Experimentação
Animal (www.icaae.com), foi formulada a
Declaração de Lisboa pelo Doutor Philip Low, Doutor Andrew Knight e Doutor João
Barroso.
A Declaração de Lisboa foi
assinada pelos presentes (diversos cientistas que trabalham ativamente com
modelos animais e modelos alternativos) e constituiu um consenso na comunidade
científica no que diz respeito à necessidade de uma maior transparência e
objetividade na ciência que recorre a modelos animais, salientando ainda a
importância de avaliar objetivamente os custos e benefícios desses projetos
científicos.
A Declaração recomenda que
os animais utilizados em procedimentos científicos sejam filmados
permanentemente, sendo as filmagens disponibilizadas sempre que solicitadas
para consulta por comités de ética institucionais e independentes, entidades
financiadoras e autoridades legais.
Esta medida garantirá o
cumprimento dos protocolos aprovados, maximizando o bem-estar animal e o
retorno do investimento público neste tipo de investigação.
No sentido de apelar por uma
ciência mais rigorosa foi constituída uma petição que solicita (http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT77270):
- Obrigatoriedade da
existência de Comités de Ética em todos os laboratórios de investigação e
instituições de ensino superior que utilizam modelos animais;
- Obrigatoriedade da
existência de filmagens permanentes de todos os animais utilizados em
procedimentos científicos, durante e entre as intervenções;
- Obrigatoriedade de
disponibilizar as filmagens sempre que solicitadas pelos Comités de Ética,
nacionais e independentes, entidades financiadoras e autoridades legais;
- Obrigatoriedade da
existência de uma escala objetiva e uniforme que permita a todos os Comités de
Ética avaliar o nível expetável de sofrimento dos animais envolvidos;
- Obrigatoriedade de
elaboração de um relatório público das experiências realizadas com animais, até
um máximo de 3 anos após a execução das mesmas;
- Criação de uma base de
dados nacional de especialistas de diversas áreas de saúde humana, de modo a
que os comités de ética possam selecionar os especialistas mais relevantes para
oferecer um parecer vinculativo acerca da utilidade expetável da experiência
proposta.
“Vai-se defendendo que não
devemos utilizar chimpazés pela similitude com o ser humano. Mas com os ratos
partilhamos 99,2% do nosso ADN, com os sapos 96%...onde se situa a fronteira da
familiaridade? Onde termina a senciência?" – Luís Vicente, Professor da
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Conferência Experimentação Animal - A dissecação de um mito).
terça-feira, 19 de abril de 2016
Criminalização de maus tratos a animais de companhia – Perspetivas quanto à aplicação da nova legislação
Se
hoje não é mais possível sustentar seriamente que os animais são máquinas e,
como tal, incapazes de experimentar dor ou sofrimento, não é menos verdade que
o respetivo estatuto jurídico nem sempre acompanhou as evidências científicas.

A
senciência dos animais é inquestionável, abrangendo as espécies compreendidas
na Declaração de Cambridge de 2012 – mamíferos, aves e moluscos cefalópodes; tratando-se
de um conceito aberto e dependente dos avanços do conhecimento científico.
A
capacidade de sofrimento dos animais tem sido apontada como fundamento da consideração
ética que lhes é devida, bem como do interesse no não-sofrimento e respetiva
tutela.
Recorde-se
a célebre observação do utilitarista oitocentista, Jeremy Bentham, sublinhando que
a questão relevante não é se os animais podem raciocinar ou falar, mas sim se
podem sofrer.
“The question
is not, Can they reason? nor, Can they talk?
but,
Can they suffer?”
Em
Portugal, os animais continuam a ser designados e tratados como “coisas” pelo
Código Civil, que data de 1966 e praticamente se mantém inalterado a esse
respeito.
A
falta de um estatuto jurídico próprio para os animais não constituiu obstáculo
a alguma intervenção penal, materializada na neocriminalização de condutas de
abandono e de violência injustificada contra certos animais, mediante a aprovação
da recente Lei n.º 69/2014, de 29 de agosto.
De
referir que a criminalização de condutas de violência injustificada contra os
animais vem merecendo consenso alargado nas sociedades civis e é hoje a realidade
jurídico-positiva de vários países que integram a União Europeia, como Alemanha,
Áustria, Reino Unido, França e Espanha.
Aspetos positivos da Lei n.º 69/2014
Esta
lei constitui um marco histórico do direito animal, em Portugal, no âmbito da
proteção dos animais, tendo sido aditados ao Código Penal dois novos tipos de
ilícito que punem os maus tratos e o abandono (inseridos num título designado “Dos
crimes contra animais de companhia”).
Não
se pode continuar a ignorar que a violência contra animais está intrinsecamente
relacionada com a violência inter-relacional e que o abandono constitui um
verdadeiro flagelo, com sérias repercussões para a integridade e saúde dos animais
e para a saúde pública. Ademais, aos novos tipos de ilícito contra animais foi atribuída
a natureza de crimes públicos, agilizando e reforçando a ação penal.
Aspetos problemáticos ou insuficientes
A restrição da tutela
penal aos “animais de companhia”: alguns animais são mais animais do que
outros…
A
principal objeção à Lei n.º 69/2014 reside no seu limitado âmbito de aplicação,
uma vez que abrange apenas os chamados “animais de companhia”. Assim, para
efeitos de determinação dos animais protegidos, o legislador optou por um
critério utilitarista, sendo exigível que se trate de animal detido ou
destinado a ser detido por seres humanos para entretenimento e companhia
destes.
Sem
prejuízo de se reconhecer a importância crucial dos “animais de companhia” para
a melhoria da qualidade de vida das pessoas, entende-se que o crime de maus tratos
devia abranger todos os animais sencientes ou, pelo menos, os animais vertebrados.
Não
é curial que, perante as mesmas condutas de desvalor e de violência injustificada,
se discriminem os animais agredidos em função da sua utilidade social,
privilegiando os que façam companhia e entretenham.
De
referir o parecer proferido pelo Conselho Superior da Magistratura na parte em
que considera que “à semelhança do que acontece na Lei de Proteção dos Animais
alemã, deveria caber a violência ou os maus tratos injustificados sobre
qualquer animal vertebrado e não apenas sobre os animais de companhia”. Assim,
“não se compreende a razão para se considerar legítima a exclusão do âmbito da
proteção da norma, os casos de violência ou maus tratos injustificados
infligidos a um burro, a uma vaca, a um cavalo ou a um veado”.
A exclusão dos maus
tratos psicológicos
São
previstas e punidas as condutas dolosas consistentes em infligir dor, sofrimento
ou quaisquer outros maus tratos físicos. Desta forma, o legislador excluiu da
previsão penal as condutas causadoras de dor ou sofrimento psicológico,
nomeadamente, stresse intenso.
Acresce
que grande parte dos maus tratos sofridos pelos “animais de companhia” e das
queixas informais devem-se às deficientes condições em que são alojados e
mantidos, não dispondo das condições e do espaço adequados às suas necessidades
fisiológicas e etológicas.
Não
se vislumbra que seja menos grave manter um animal, como um cão ou um gato,
enfiados em jaulas de dimensões exíguas ou presos, a céu aberto, por meio de
corrente de escasso comprimento, durante semanas, meses, anos, a fio, do que
açoitar o mesmo animal.
Ausência de penas
acessórias específicas
Tendo
em conta que o Código Penal não prevê qualquer pena acessória, seria conveniente
a inclusão de pena de interdição de detenção de animais e de exercício de
qualquer profissão ou atividade relacionada com animais.
É
que ainda que o arguido seja acusado, e venha a ser condenado, pela prática de
um crime de maus tratos a “animal de companhia”, não há sanção acessória que
possibilite a perda do animal a favor do Estado ou a favor de alguma associação
de proteção animal.
O
que, por sua vez, origina novas questões e problemas relativamente ao bem-estar
físico e psicológico desses animais. Não basta criminalizar e remover o animal do
agressor, é também necessário criar condições para a assegurar o seu bem-estar
futuro. 
Fonte: Moreira, Alexandra Reis (2015), Perspetivas quanto à aplicação da nova legislação, Atas da Conferência “Animais: Direitos e Deveres”, Instituto de Ciências Jurídico-Políticas.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Parar e cheirar as rosas...
Os cães conhecem e vivem o mundo através do seus narizes. Ao contrário de nós humanos que usamos mais a visão, do que o olfato, nas nossas experiências quotidianas.
Cheirar é mentalmente estimulante para um cão. É assim que ele "vê" o que se tem passado no seu meio ambiente e fica a par de todos os "pee-mails" das redondezas.
O nariz canino é muito mais potente do que o nariz humano. A nós cheira-nos a molho de esparguete, mas eles conseguem detetar cada ingrediente daquele molho individualmente.
Ademais, o chamado "nosework" é uma forma super fácil de libertar energia e diminuir níveis de stress. O cão fica satisfeito, cansado e renovado mentalmente.
Assim, vamos deixar os nossos cães parar e "cheirar as rosas". Ou seja, deixá-los explorar o seu mundo olfativo à vontade; deixá-los usar intensamente os narizes.
Afinal de quem é o passeio?

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Plena satisfação |
terça-feira, 17 de novembro de 2015
A Vida Emocional dos Animais - Extrato I
“Precisamos
de uma ética sem limites que inclua também os animais (…) Está a chegar o tempo
em que as pessoas ficarão admiradas por a raça humana ter existido tanto tempo
sem ter reconhecido que o prejuízo impensado à vida é incompatível com uma
verdadeira ética. A ética na sua forma não qualificada alarga a sua
responsabilidade a tudo o que tem vida” – Albert Schweitzer.
Aqui
fica um primeiro extrato do fantástico livro de Marc Bekoff, PhD, “A Vida Emocional dos Animais – A importância
da alegria, da tristeza e da empatia dos animais estudada por um cientista”.
Devemos
refletir sobre o facto de muitos animais sentirem paixão e sofrimento – sentem
amor e dor – e depois considerar todos os modos com que tratamos atualmente os
animais na nossa sociedade e decidir o que está certo e o que está errado.
Quando reconhecemos algo que está errado devemos trabalhar para mudar.
Os
animais são companheiros com quem partilhamos as nossas casas. São o nosso
alimento. Estão em exibição nos nossos jardins zoológicos e enchem os nossos
laboratórios de investigação científica. Também vivem “livremente” no seu
ambiente natural, nas margens de uma civilização humana que os invade
constantemente. Precisamos de olhar para todas essas áreas e decidir se estamos
a cuidar devidamente dos animais. Frequentemente, não cuidamos e, como
sociedade, temos muitos motivos para termos vergonha pela forma como
interagimos com outros animais. Precisamos de mais verificações e balanços nas
nossas interações. Subestimamos e silenciamos os sentimentos por rotina.
A
existência de sentimentos é a principal razão para cuidarmos melhor dos
animais. As questões que dizem respeito aos sentimentos são importantes e
extremamente difíceis, mas também temos de distinguir entre sentimento e saber.
O bem-estar centra-se no que os animais sentem, não no que sabem. Será que
realmente importa se os macacos num jardim zoológico, as ratazanas num
laboratório ou as vacas numa quinta alguma vez entendem o que se está a passar
à sua volta, ou o que os seres humanos lhes estão a fazer, se conseguem sentir
dor e sofrer? Os animais nestas situações dependem completamente de nós e o seu
comportamento diz-nos quando estão saudáveis e felizes, ou tristes e a sofrer.
Os animais não conseguem ligar para o 112 numa emergência; dependem da nossa
boa vontade e compaixão. Embora os animais não possam consentir na forma como
são tratados, protestam certamente publicamente quando estão a sofrer. A sua
dor é fácil de ver e é ignorada demasiadas vezes.
(…)
Contudo,
saliento que muitas vezes aquilo que passa por “bom cuidado” na nossa sociedade
simplesmente não é suficiente. Os seres humanos fazem muitas vezes distinções
entre a forma como tratam os animais “espertos” e os animais “burros” e,
especialmente em contextos institucionais, o cuidado dos animais habitualmente
deteriora-se quando se torna menos conveniente (ou seja, menos rentável ou um
impedimento ao “progresso”). Isto não é bom que chegue. Precisamos de prestar o
melhor cuidado a todos os animais constantemente e trabalhar no sentido de não os
usarmos de todo.
(…)
No
que se refere às nossas relações com os animais, a nossa visão de quem eles são
e o que significam para nós exige que mudemos a forma como sempre os tratámos.
Sabemos que os seres animais não são “coisas” que existem para nossa conveniência.
Os animais são seres subjetivos que têm sentimentos e pensamentos e merecem
respeito e consideração. Não temos o direito de os subjugar ou dominar para
nosso proveito egoísta – para melhorar as nossas vidas piorando as dos animais.
Além disso, sendo nós próprios seres com consciência de nós próprios e com
sentimentos, conseguimos reconhecer o sofrimento e somos obrigados a diminuí-lo
sempre que pudermos. Ao tomar decisões que ajudam os animais, acrescentamos
compaixão e não crueldade a um mundo “ferido”, como lhe chama o ecologista Paul
Ehrlich.
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Uma aventura… no hospital veterinário! Parte 2
No
dia da consulta, pensava eu que ia só passear de carro, saltei todo contente
para o banco de trás e lá fui eu de beiças ao vento. Chegamos ao local do
hospital e eu saí do carro todo contente, mas quando me deparei com a porta de
entrada estanquei e colei as 4 patas ao chão. A minha humana teve de me levar
ao colo para a sala de espera onde eu procedi de imediato a esconder-me debaixo
da cadeira mais próxima. É que não gosto nada de sítios que não conheço, ainda
por cima com várias pessoas estranhas a olhar para mim.
Esperamos
um pouco, pois o médico especialista em ortopedia estava a terminar uma
cirurgia, e de repente chamam o meu nome para entrar no gabinete. Novo estancanço
e nova ida ao colo, entramos no gabinete do médico.
Fui
outra vez apalpado nas minhas perninhas e tronco, tendo o Sr. Dr. concluído que
o procedimento seguinte era tirar-me uma radiografia (parece-me que falaram na
hipótese de uma TAC, mas com os meus sintomas não se justificava). E, assim, o
Sr. Dr. pega em mim, põe-me debaixo do braço e eu, com um gemido de incerteza,
lá fui rumo à sala dos tais raios X.
Quando
voltei ao gabinete para ter com a minha humana, que estava acompanhada pela minha
avozinha, vinha a arfar muito, até parecia que tinha corrido a meia maratona,
mas não, eram só uns nervositos por estar longe da minha família.
Por
esta altura já estava mais habituado ao Sr. Dr. que até era um tipo bem
simpático e atencioso, e afinal não me queria fazer mal nenhum (até disse que
eu me tinha portado muito bem e tinha ficado muito quietinho, conforme me tinha
pedido).
De
seguida, em simultâneo com a visualização das radiografias no PC, explicou
todos os pormenores do meu caso clínico, tendo referido que tenho luxação dos
joelhos, (estando o esquerdo pior do que o direito) e que, desta forma, terei de
ser operado a cada joelho para corrigir a situação, evitando dores quando ando,
formação de artroses ou roturas de ligamentos.
As
minhas humanas ficaram um pouco apreensivas e fizeram muitas perguntas para
entenderem bem a situação, como seriam as operações e a recuperação. Parece que
vou ter de usar um daqueles “colares da vergonha” depois da operação, não vou
poder saltar para lado nenhum, nem subir ou descer escadas, e vou ter de fazer
passeios pequeninos (assim, como é que vou ter tempo para encontrar as minhas
namoradas caninas?).
O
Sr. Dr. concluiu a consulta com a indicação que tenho peso a mais (ou seja,
estou um bocado para o badocha) e que tenho de fazer dieta. Por isso, nada de
biscoitos e vou passar a comer uma comida xpto, boa para as articulações e
menos calórica também. Será saborosa? Espero bem que sim.
Quando
a consulta acabou e saímos para fazer o pagamento na receção, eu só queria era
ir lá para fora, cheirar e fazer xixi em todas as árvores das redondezas que,
por acaso, estavam cheias de mensagens caninas deixadas por outros pacientes do
hospital. E foi o que fiz com muita alegria.
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Uma aventura… no hospital veterinário! Parte 1
Pois
é, e assim começa uma nova fase da minha vida de cão…
Ontem
fui a uma consulta de checkup na minha Clínica Veterinária, fui examinado da
cabeça aos pés e foram-me descobertas algumas mazelas menores, mas quando o
Médico Vet me quis levantar as patas traseiras reparou nuns estalidos
esquisitos que vinham dos meus joelhinhos… Começou a ver melhor, puxou as
minhas patinhas traseiras, fez-lhe rotações de todas as espécies, apalpou-as e
concluiu que eu tenho subluxação dos joelhos.
Eu
já andava com algumas dores de vez em quando, mas nunca tinha dito nada aos
meus humanos para não se preocuparem comigo. Mas depois desta sessão clínica
fiquei todo dorido e fui para casa a ganir um bocadinho. À noite quando fui dar
uma volta pelo bairro também gani às vezes e custa-me a fazer certos movimentos,
como subir e descer escadas.
Quando
os meus humanos me quiseram fazer festas também gani e virei-me para trás para lhes
mostrar que me dói bastante aquela zona.
Posto
isto, a minha humana decidiu que o melhor é eu ir a uma consulta de
especialidade de ortopedia no hospital veterinário para ser acompanhado mais de
perto e assim evitar ao máximo que a minha condição progrida. Afinal ainda
tenho só 6 anos, ainda sou muito novo para já ter problemas nos meus
joelhinhos.
A
consulta é daqui a uma semana, mas já estou um pouco nervoso. Será que me vão
fazer radiografias? Ou uma TAC? E depois, terei de fazer fisioterapia naquela
piscina cheia d’água? É que não gosto muito de me meter dentro d’água… Estou um
pouco preocupado com tudo isto, mas a minha humana diz que é para meu bem, para
me sentir bem e sem dores.
Depois
conto como correu a minha consulta no hospital veterinário. Wish
me luck…
Listen With
Your Eyes to Tell if Your Pet is in Pain
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