Pelo meu mundo... também andam seres vivos do Reino Plantae que, apesar de serem diferentes de mim, que sou do Reino Animalia, também devem ser tratados com o respeito que qualquer ser vivo merece.
Parece que a minha mamã humana estudou, há uns tempos, uma coisa chamada Agronomia e pretende alertar para a problemática das "podas camarárias" com o seguinte texto:
Podas, mas não umas podas quaisquer, mais especificamente as infames “podas camarárias” de árvores ornamentais que povoam as ruas das nossas cidades e vilas.
Infames porque os cortes drásticos da copa das árvores – “podas camarárias” no jargão florestal – são muitas das vezes desnecessários, agressivos, esteticamente ridículos e geram problemas graves de sanidade vegetal.
As desgraçadas das árvores (normalmente plátanos, tílias, freixos, lódãos bastardos, salgueiros e choupos), muito ocupadas e felizes a gerar novos gomos, raminhos e ramos, são de repente envolvidas numa fúria de motosserras, machados e catanas e demais objetos contundentes.
Se não fossem (apenas?!!) árvores morreriam de susto só pela visualização de tamanho aparato, o que não significa que depois da referida fúria de mutilação não morram na mesma.
Mas, a mutilação de qualquer ser vivo é sempre um ato perverso, gratuito e dispensável...
A ablação da maior parte da copa impede as árvores de obterem reservas fotoassimiladas para poderem iniciar um novo período vegetativo. Assim, as árvores ficam muito enfraquecidas e vulneráveis às mais diversas patologias (e.g. fungos e bactérias) que eventualmente conduzem à sua morte.
Após uma poda intensa segue-se um intenso abrolhamento de gomos adventícios que se formam nos tecidos cicatriciais e que apresentam uma ligação superficial ao tronco, sendo a rebentação extremamente abundante e vigorosa.
Como consequência, nos anos seguintes é de esperar mais intervenções dispendiosas para remoção de ramos mortos e amenizar o emaranhado de ramos longos e finos que se formam. Em pouco tempo, o resultado final é mais prejudicial e desadequado do que a copa existente antes da intervenção.
Quando se procede à realização de podas, os cortes devem ser executados com razoabilidade e respeitar a estrutura do arvoredo, por exemplo: quando existem ramos mortos, danificados ou doentes que podem causar riscos sanitários para o lenho são; quando existem ramos e lançamentos em zonas onde não são desejáveis (rebentões de raiz, ramos ladrões); para criar condições de acesso das folhas à luz e ao ar.
Por tudo o que foi referido:
“Se não há espaço para a árvore é preferível plantar só o arbusto, ou mesmo só a flor e não contar depois com a tesoura para manter com proporções de criança o gigante que se escolheu impensadamente”, Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles (1999), A Árvore em Portugal.
Bibliografia:
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