sábado, 23 de agosto de 2014

Árvores, ramos, raminhos e… podas!

Pelo meu mundo... também andam seres vivos do Reino Plantae que, apesar de serem diferentes de mim, que sou do Reino Animalia, também devem ser tratados com o respeito que qualquer ser vivo merece. 
Parece que a minha mamã humana estudou, há uns tempos, uma coisa chamada Agronomia e pretende alertar para a problemática das "podas camarárias" com o seguinte texto:

Podas, mas não umas podas quaisquer, mais especificamente as infames “podas camarárias” de árvores ornamentais que povoam as ruas das nossas cidades e vilas.

Infames porque os cortes drásticos da copa das árvores – “podas camarárias” no jargão florestal – são muitas das vezes desnecessários, agressivos, esteticamente ridículos e geram problemas graves de sanidade vegetal.

As desgraçadas das árvores (normalmente plátanos, tílias, freixos, lódãos bastardos, salgueiros e choupos), muito ocupadas e felizes a gerar novos gomos, raminhos e ramos, são de repente envolvidas numa fúria de motosserras, machados e catanas e demais objetos contundentes.

Se não fossem (apenas?!!) árvores morreriam de susto só pela visualização de tamanho aparato, o que não significa que depois da referida fúria de mutilação não morram na mesma.

Mas, a mutilação de qualquer ser vivo é sempre um ato perverso, gratuito e dispensável...

A ablação da maior parte da copa impede as árvores de obterem reservas fotoassimiladas para poderem iniciar um novo período vegetativo. Assim, as árvores ficam muito enfraquecidas e vulneráveis às mais diversas patologias (e.g. fungos e bactérias) que eventualmente conduzem à sua morte.

Após uma poda intensa segue-se um intenso abrolhamento de gomos adventícios que se formam nos tecidos cicatriciais e que apresentam uma ligação superficial ao tronco, sendo a rebentação extremamente abundante e vigorosa.

Como consequência, nos anos seguintes é de esperar mais intervenções dispendiosas para remoção de ramos mortos e amenizar o emaranhado de ramos longos e finos que se formam. Em pouco tempo, o resultado final é mais prejudicial e desadequado do que a copa existente antes da intervenção.

Quando se procede à realização de podas, os cortes devem ser executados com razoabilidade e respeitar a estrutura do arvoredo, por exemplo: quando existem ramos mortos, danificados ou doentes que podem causar riscos sanitários para o lenho são; quando existem ramos e lançamentos em zonas onde não são desejáveis (rebentões de raiz, ramos ladrões); para criar condições de acesso das folhas à luz e ao ar.




Por tudo o que foi referido:

“Se não há espaço para a árvore é preferível plantar só o arbusto, ou mesmo só a flor e não contar depois com a tesoura para manter com proporções de criança o gigante que se escolheu impensadamente”, Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles (1999), A Árvore em Portugal.


Bibliografia:

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